# Introdução A perda de visão decorrente de lesão do nervo óptico ou glaucoma ocorre porque as células ganglionares da retina (CGRs) falham em regenerar seus axônios. Em mamíferos adultos, o programa de **crescimento intrínseco** das CGRs é normalmente desativado, de modo que os nervos danificados não se curam por conta própria ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2652400/#:~:text=using%20a%20virus,Thus)). Estudos recentes em camundongos mostram que a terapia gênica pode **reativar** essas vias de crescimento. Por exemplo, a deleção do gene **PTEN** (um freio no crescimento celular) em CGRs adultas ativa a via de crescimento **mTOR** e leva a uma forte regeneração axônica ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2652400/#:~:text=using%20a%20virus,Thus)). Neste artigo, revisamos como a manipulação de PTEN/mTOR, genes da família KLF e **Sox11** pode estimular a regeneração de axônios de CGRs, o que isso alcançou em camundongos, as questões de segurança (como o risco de câncer), como os genes são entregues (vetores virais AAV, injeção intravítrea ou supracoroidal) e quais passos são necessários para passar de modelos de lesão aguda para o tratamento crônico do glaucoma. ## Vias de Crescimento Intrínseco em CGRs ### Via PTEN/mTOR Em condições normais, as CGRs adultas mantêm a via mTOR em grande parte **inativa**, o que limita sua capacidade de crescer novos axônios ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2652400/#:~:text=using%20a%20virus,Thus)). PTEN é um gene que inibe o mTOR. Cientistas descobriram que a remoção de PTEN em CGRs de camundongos adultos **libera** a sinalização de mTOR e permite a regeneração axônica ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2652400/#:~:text=using%20a%20virus,Thus)). Em um estudo marcante, o nocaute condicional de PTEN em camundongos adultos levou a uma regeneração *robusta* do nervo óptico ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2652400/#:~:text=using%20a%20virus,Thus)). Cerca de 8 a 10% das CGRs sobreviventes estenderam axônios por mais de 0,5 mm além da lesão, com alguns axônios crescendo mais de 3 mm e até alcançando o quiasma óptico 4 semanas após a lesão ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2652400/#:~:text=Quantification%20showed%20that%20~45,At%204)). Nocautear outro freio do mTOR, o gene TSC1, também induziu a regeneração axônica ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2652400/#:~:text=using%20a%20virus,Thus)). A deleção de PTEN não apenas estimulou a regeneração, mas também melhorou a sobrevida das CGRs (cerca de 45% de sobrevida vs ~20% nos controles) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2652400/#:~:text=Quantification%20showed%20that%20~45,At%204)). No entanto, existe uma preocupação de segurança: PTEN é um **supressor tumoral**. A perda prolongada de PTEN pode promover o crescimento celular desco
# Envelhecimento, Senescência e Glaucoma O glaucoma é uma das principais causas de cegueira e seu risco aumenta com a idade. Em olhos envelhecidos, as células podem entrar em um estado **senescente** – elas param de se dividir, mas permanecem vivas – e liberam sinais nocivos chamados de *fenótipo secretor associado à senescência* (SASP). Células senescentes no olho podem agravar a doença. Por exemplo, células envelhecidas da malha trabecular (o filtro na parte frontal do olho) tornam-se rígidas e obstruídas, aumentando a pressão ocular ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12155388/#:~:text=senescence,86)). Na retina e no nervo óptico, as células senescentes liberam citocinas (como IL-6, IL-8, IL-1β) e enzimas (MMPs) que causam inflamação, remodelação tecidual e morte de células nervosas ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10917531/#:~:text=indicating%20a%20direct%20influence%20of,22%20%2C%20%2074)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11375756/#:~:text=reactive%20oxygen%20species,24%7D%20and)). Esses fatores SASP foram encontrados em olhos glaucomatosos humanos e em modelos animais de pressão ocular, onde impulsionam o dano às células ganglionares da retina (CGR) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10917531/#:~:text=indicating%20a%20direct%20influence%20of,22%20%2C%20%2074)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6996954/#:~:text=Experimental%20ocular%20hypertension%20induces%20senescence,IOP)). Mirar nessas células é uma nova ideia: removê-las ou silenciá-las pode ajudar a proteger o nervo óptico. # Senescência no Olho Células senescentes acumulam-se nos principais tecidos oculares. Na **malha trabecular (MT)**, a senescência enrijece a malha e aumenta a resistência ao escoamento de fluidos ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12155388/#:~:text=senescence,86)). Isso eleva a pressão intraocular, um dos principais fatores de risco para o glaucoma. Em humanos com glaucoma, mais células MT senescentes (marcadas por enzimas como SA-β-gal, ou proteínas p16^INK4a e p21^CIP1) foram medidas em comparação com olhos normais ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10917531/#:~:text=Patients%20with%20glaucoma%20exhibit%20a,expression%20of%20miRNAs%20is%20related)). Altos níveis de p16 e p21 em células MT correlacionam-se com glaucoma e menos células MT sobrevivem até a velhice ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10917531/#:~:text=Patients%20with%20glaucoma%20exhibit%20a,expression%20of%20miRNAs%20is%20related)). Na **cabeça do nervo óptico e retina**, o envelhecimento e o estresse fazem com que as CGRs e as células de suporte (astrócitos, micróglia) se tornem senescentes. Essas células então secretam fatores SASP – citocinas pró-inflamatórias (IL-6, IL-1β, IL-8), quimiocinas (CCL2, CXCL5) e metaloproteinases de matriz – que envenenam n
# Bioflavonoides Cítricos (Hesperidina, Diosmina) para a Hemodinâmica Ocular Os minúsculos vasos sanguíneos do olho devem funcionar bem para manter a visão nítida. No glaucoma, a redução do fluxo sanguíneo para o nervo óptico pode agravar os danos. Os **bioflavonoides cítricos**, como a **hesperidina** e a **diosmina**, são compostos vegetais encontrados na casca da laranja e em outras frutas cítricas. Esses flavonoides são conhecidos por fortalecer os capilares, reduzir o inchaço e melhorar a circulação ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4372466/#:~:text=Flavonoids%20have%20gained%20prominence%20in,diabetic%20retinopathy%2C%20macular)). Neste artigo, revisamos como esses compostos afetam o **óxido nítrico** endotelial, o **tônus venoso** e a microcirculação no olho e no corpo, e o que os dados clínicos sugerem sobre o fluxo sanguíneo e a visão. Também analisamos seus benefícios vasculares mais amplos, dosagem, padronização e segurança. ## Efeitos no Óxido Nítrico Endotelial Os vasos sanguíneos relaxam quando suas células de revestimento (endotélio) produzem o gás **óxido nítrico (NO)**. A hesperidina é uma molécula ligada a açúcares que é decomposta no intestino em **hesperetina**, sua forma ativa. A hesperetina ativa fortemente enzimas (AMPK, Akt) que ligam a NO sintase endotelial (eNOS), impulsionando a produção de NO ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3085197/#:~:text=Treatment%20of%20BAEC%20with%20hesperetin,selectin)). Em células de laboratório, a hesperetina causou um aumento rápido na fosforilação da eNOS e nos níveis de NO. Em pessoas com fatores de risco para doenças cardíacas (síndrome metabólica), um estudo com 500 mg de hesperidina diariamente por 3 semanas melhorou significativamente a dilatação mediada por fluxo da artéria braquial (uma medida da função endotelial do NO) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3085197/#:~:text=Treatment%20of%20BAEC%20with%20hesperetin,selectin)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9369232/#:~:text=the%20effects%20of%20500%20mg%2Fday,and%20a%20tendency%20to%20increase)). Nesse estudo, a **FMD braquial aumentou ~2,5%** e os marcadores sanguíneos de colesterol (ApoB) e inflamação (hs-CRP) diminuíram ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9369232/#:~:text=the%20effects%20of%20500%20mg%2Fday,and%20a%20tendency%20to%20increase)). Essas descobertas sugerem que os flavonoides cítricos podem **melhorar a dilatação dos vasos** em humanos, provavelmente via NO aprimorado. A diosmina, que provém inicialmente da erva Scrophularia e também é feita a partir da hesperidina, possui efeitos vasculares semelhantes. Ela elimina radicais livres e reduz a inflamação, o que pode preservar indiretamente a sinalização do NO. Em modelos animais onde o óxido nítrico foi bloqueado (usando L-NAME), a diosmina ainda reduziu a pressão arterial e protegeu os vasos ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](
# Introdução Doenças oculares como glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade partilham um culpado comum: o **stress oxidativo** provocado por espécies reativas de oxigénio (EROs) nocivas. O excesso de EROs pode danificar o ADN, lípidos e proteínas na retina e no nervo ótico, levando à perda de visão ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4878665/#:~:text=Hydrogen%20can%20exert%20antioxidant%20and,indicate%20that%20the%20application%20of)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10674431/#:~:text=Molecular%20hydrogen%20%28H_,can%20prevent%20a%20reduction%20in)). O **hidrogénio molecular (H₂)** surgiu como uma terapia antioxidante única. O H₂ é um gás diminuto e insípido que penetra facilmente nas membranas celulares e nas barreiras oculares ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10674431/#:~:text=Molecular%20hydrogen%20%28H_,can%20prevent%20a%20reduction%20in)). Ele neutraliza seletivamente apenas as EROs mais tóxicas (como os radicais hidroxila •OH e peroxinitrito ONOO⁻), deixando intactas as EROs de sinalização normais ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4878665/#:~:text=Hydrogen%20can%20exert%20antioxidant%20and,indicate%20that%20the%20application%20of)). Ao fazê-lo, o H₂ restaura o **equilíbrio redox** celular sem bloquear sinais bioquímicos benéficos. Além disso, o H₂ pode desencadear vias protetoras – por exemplo, ele regula positivamente as enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase, sistemas de glutationa) via sinalização Nrf2 e suprime fatores pró-inflamatórios ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4878665/#:~:text=Hydrogen%20can%20exert%20antioxidant%20and,indicate%20that%20the%20application%20of)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10674431/#:~:text=RGCs,2%7D%20may)). Estas propriedades sugerem que o H₂ pode proteger os neurónios retinianos (e o nervo ótico) modulando a **sinalização redox** nos tecidos oftálmicos. # Mecanismos de Ação do H₂ em Tecidos Oculares O apelo terapêutico do H₂ reside nas suas propriedades físicas. Como a menor molécula, difunde-se rapidamente através dos tecidos e biobarreiras ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10674431/#:~:text=Molecular%20hydrogen%20%28H_,can%20prevent%20a%20reduction%20in)). Por exemplo, a inalação de H₂ ou água saturada com hidrogénio (HRW) eleva rapidamente os níveis de H₂ no sangue e nos olhos. Uma vez dentro das células, o H₂ “absorve” radicais altamente reativos. Ao contrário dos antioxidantes gerais, o H₂ não elimina indiscriminadamente todas as EROs – ele reage preferencialmente com os oxidantes mais fortes ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4878665/#:~:text=Hydrogen%20can%20exert%20antioxidant%20and,indicate%20that%20the%20application%20of)). Isto significa que a sinalização normal das EROs (necessária para a funçã
# Antocianinas e Extratos de Mirtilo: Resiliência Retiniana e Microvasculatura em Envelhecimento Os flavonoides **antocianinas** (pigmentos presentes em frutos silvestres) são há muito tempo apontados como benéficos para a saúde ocular, e estudos modernos sugerem que eles se concentram em tecidos oculares e vasculares ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3429325/#:~:text=In%20addition%20to%20GBE%2C%20anthocyanins,22%2C19%7D%3B%20%283)). Esses compostos são poderosos **antioxidantes** e agentes anti-inflamatórios: eles eliminam radicais livres, estabilizam as paredes dos vasos sanguíneos e até inibem a agregação plaquetária e mediadores inflamatórios ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3429325/#:~:text=vascular%20tissues.,27)). Na retina – um órgão de alto metabolismo especialmente vulnerável ao estresse oxidativo – as antocianinas do mirtilo (Vaccinium myrtillus) podem reforçar a defesa contra o envelhecimento e doenças. ## Efeitos Antioxidantes e Anti-Inflamatórios na Retina Pesquisas em animais confirmam que as antocianinas do mirtilo protegem as células da retina, melhorando os sistemas antioxidantes e diminuindo a inflamação. Em um modelo de coelho com dano retiniano induzido por luz, o extrato oral de mirtilo (rico em antocianinas) **preservou a função e a estrutura da retina**. Coelhos tratados apresentaram níveis mais elevados de enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, glutationa peroxidase, catalase) e capacidade antioxidante total do que os controles, juntamente com menor malondialdeído (um marcador de oxidação lipídica) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6332335/#:~:text=sacrificed%20on%20day%207,1%CE%B2%20and%20VEGF%29.%20Results)). Ao mesmo tempo, sinais pró-inflamatórios e angiogênicos, como interleucina-1β e VEGF, foram suprimidos ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6332335/#:~:text=sacrificed%20on%20day%207,1%CE%B2%20and%20VEGF%29.%20Results)). Essas alterações indicam que as antocianinas do mirtilo podem neutralizar o excesso de espécies reativas de oxigênio (ERO) na retina e prevenir a inflamação subsequente que, de outra forma, danificaria as células da retina. Em um modelo de camundongo de inflamação retiniana (uveíte induzida por endotoxina), o extrato de mirtilo rico em antocianinas *preservou a saúde dos fotorreceptores*. Camundongos tratados apresentaram melhores respostas ao eletrorretinograma (ERG) (refletindo a função dos fotorreceptores) e segmentos externos dos fotorreceptores intactos em comparação com camundongos não tratados. Esse efeito protetor foi ligado ao bloqueio da sinalização inflamatória (especificamente, o mirtilo suprimiu a ativação de IL-6/STAT3) e à redução da ativação de NF-κB impulsionada por ERO ([pubmed.ncbi.nlm.nih.gov](https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21894150/#:~:text=retina.%20Anthocyanin,Our%20findings%20indicate)). Em suma, as antocianinas do mirtilo detiveram a cascata m
# Introdução **Taurina** é um aminoácido sulfônico rico em nutrientes encontrado em altas concentrações na retina e em outros tecidos neurais. De fato, os níveis de taurina na retina são mais altos do que em qualquer outro tecido corporal, e sua depleção causa danos às células da retina ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10581579/#:~:text=certain%20tissues,taurine%20may%20be%20a%20promising)). Sabe-se que a taurina adequada é essencial para os neurônios da retina, especialmente os fotorreceptores e as células ganglionares da retina (CGRs). A degeneração das CGRs está na base da perda de visão no glaucoma e em outras neuropatias ópticas. Pesquisas pré-clínicas agora sugerem que a taurina pode ajudar a manter a saúde das CGRs. Este artigo revisa como a taurina regula o volume celular e o cálcio para proteger as CGRs, as evidências de modelos de laboratório de que a taurina promove a sobrevivência das CGRs, e os dados clínicos limitados que sugerem benefícios para a visão. Discutimos também como a dieta e o envelhecimento afetam os níveis de taurina, os resultados de saúde relacionados e o que se sabe sobre a suplementação segura de taurina e as prioridades para futuros ensaios. ## Taurina na Retina: Osmorregulação e Homeostase do Cálcio A taurina desempenha **papéis celulares** cruciais, além de ser um nutriente. Na retina, ela atua como um **osmolito orgânico**, ajudando as células a ajustar seu volume sob estresse. As células da retina (incluindo RPE, CGRs e glia de Müller) expressam o transportador de taurina (TauT) para importar taurina. Sob estresse hiperosmótico (como condições de alto teor de sal ou açúcar), a expressão e a atividade do TauT aumentam, fazendo com que as células absorvam mais taurina e água. Isso protege as células da retina da contração ou inchaço ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3724466/#:~:text=TauT%20activity%20was%20abundant%20in,fold%20under%20hyperosmolar)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3724466/#:~:text=These%20studies%20provide%20the%20first,cell%20volumes%20may%20fluctuate%20dramatically)). Em outros tecidos (como astrócitos cerebrais), a taurina é efluxada em condições hipotônicas, permitindo que as células mantenham o equilíbrio osmótico. Assim, a taurina é fundamental para a **osmorregulação** na retina, protegendo as CGRs contra o estresse hídrico que pode ocorrer em diabetes ou infarto ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3724466/#:~:text=TauT%20activity%20was%20abundant%20in,fold%20under%20hyperosmolar)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3724466/#:~:text=These%20studies%20provide%20the%20first,cell%20volumes%20may%20fluctuate%20dramatically)). A taurina também ajuda a **regular o cálcio intracelular (Ca<sup>2+</sup>)**, um fator crítico para a sobrevivência neuronal. O excesso de Ca<sup>2+</sup> citosólico pode desencadear danos mitocondriais e morte cel
# EGCG e Saúde Neurovascular no Glaucoma e Envelhecimento As **culturas do chá verde** há muito valorizam as catequinas do seu chá – particularmente a **epigalocatequina-3-galato (EGCG)** – pela promoção da saúde. Pesquisas modernas sugerem que os potentes efeitos **antioxidantes**, anti-inflamatórios e vasodilatadores do EGCG podem beneficiar o **sistema neurovascular** no glaucoma e no envelhecimento. No glaucoma, as células ganglionares da retina (CGRs) degeneram sob estresse, e a pressão intraocular (PIO) aumenta devido à disfunção da malha trabecular (MT). Revisamos estudos em animais e células sobre o EGCG na sobrevivência das CGRs, na matriz extracelular da MT (MMPs) e no fluxo sanguíneo, e depois resumimos dados humanos limitados sobre a visão e a estrutura ocular. Conectamos estes aos efeitos conhecidos do EGCG no envelhecimento cardiovascular e cognitivo, e discutimos a sua **biodisponibilidade**, teor de cafeína e segurança. ## Proteção das Células Ganglionares da Retina (Pré-clínica) Estudos pré-clínicos mostram consistentemente que o EGCG ajuda na **sobrevivência das CGRs** após lesão ou PIO elevada. Num modelo de glaucoma em camundongos (PIO alta induzida por microesferas), o EGCG oral (50 mg/kg·d) preservou a densidade das CGRs: os camundongos tratados tinham significativamente mais CGRs marcadas com fluorogold versus controles não tratados ([pubmed.ncbi.nlm.nih.gov](https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26050640/#:~:text=the%20fluorogold,in%20a%20mouse%20model%20of)). Em ratos com elevação aguda da PIO, o tratamento com EGCG reduziu marcadamente o dano do nervo óptico e as citocinas inflamatórias. Por exemplo, num estudo, o EGCG diminuiu IL-6, TNF-α e outros sinais inflamatórios, e inibiu a ativação de NF-κB, **atenuando assim os sintomas de glaucoma** e a lesão das CGRs ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8438659/#:~:text=cytokines%20were%20present%20in%20the,in%20a%20rat%20glaucoma%20model)). Estes efeitos neuroprotetores provavelmente derivam da capacidade do EGCG de neutralizar radicais livres e bloquear vias de estresse (por exemplo, ativando Nrf2/HO-1 em modelos de isquemia ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC7279438/#:~:text=Retinal%20ischemia,correlation%20with%20the%20pathway%20of))). Em cultura de células, o EGCG bloqueou o estresse oxidativo e ultravioleta em linhagens de CGRs. Assim, múltiplas linhas de evidência indicam que o EGCG pode mitigar a degeneração das CGRs em modelos animais de glaucoma ou lesão do nervo óptico (frequentemente via mecanismos antioxidantes e anti-inflamatórios) ([pubmed.ncbi.nlm.nih.gov](https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26050640/#:~:text=the%20fluorogold,in%20a%20mouse%20model%20of)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8438659/#:~:text=cytokines%20were%20present%20in%20the,in%20a%20rat%20glaucoma%20model)). ## Malha Trabecular e Drenagem do Humor Aquoso As **MMPs (metaloproteinases de matriz)** regulam a matr
# Melatonina e o Olho: PIO Noturna e Neuroproteção **Melatonina** é um neuro-hormônio produzido em um ciclo de ~24 horas (ritmo circadiano) que desempenha papéis fundamentais na regulação do sono e atua como um poderoso antioxidante. No olho, a melatonina é sintetizada localmente (na retina e no corpo ciliar) e liga-se aos **receptores de melatonina MT1/MT2** nas células oculares ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12108883/#:~:text=Circadian%20variation%20in%20melatonin%20concentration,%E2%80%94a%20regulatory%20link%20between)). Seus níveis atingem o pico à noite, coincidindo com a queda normal da pressão arterial e (em indivíduos saudáveis) a redução típica da pressão intraocular (PIO) durante o sono. Esses padrões circadianos significam que a melatonina ajuda a modular a dinâmica do **humor aquoso** (o fluido aquoso que preenche a parte frontal do olho). Por sua vez, isso afeta a PIO noturna e a saúde da retina, especialmente no envelhecimento. Estudos recentes sugerem que o sinal de melatonina prejudicado pode contribuir para o risco de glaucoma, enquanto análogos da melatonina (medicamentos que mimetizam a melatonina) mostram-se promissores na redução da PIO e na proteção dos neurônios retinianos ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12108883/#:~:text=Circadian%20variation%20in%20melatonin%20concentration,%E2%80%94a%20regulatory%20link%20between)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12108883/#:~:text=Apart%20from%20MT3%20activation%2C%20MT2,examined%20the%20effects%20of)). ## Melatonina Ocular e Controle Circadiano A melatonina não é produzida apenas pela glândula pineal, mas também no próprio olho. Fotorreceptores na retina geram melatonina à noite, e o corpo ciliar (a glândula que produz humor aquoso) também sintetiza melatonina e a libera no aquoso ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12108883/#:~:text=Circadian%20variation%20in%20melatonin%20concentration,%E2%80%94a%20regulatory%20link%20between)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12108883/#:~:text=circadian%20rhythm%20disturbances%20observed%20in,27%20%2C%2034%2C29)). Isso significa que os níveis de melatonina no **humor aquoso** aumentam na escuridão, atingindo o pico por volta da meia-noite a 2–4 AM ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12108883/#:~:text=Circadian%20variation%20in%20melatonin%20concentration,%E2%80%94a%20regulatory%20link%20between)). Em contraste, a exposição à luz (especialmente luz azul) suprime a melatonina através das células ganglionares da retina contendo melanopsina. Assim, a melatonina é uma ponte entre os sinais circadianos (dia-noite) e a fisiologia intraocular. Receptores para melatonina (MT1, MT2 e possivelmente MT3) são encontrados nas células do olho, incluindo as **células epiteliais ciliares não pigmentadas** que secretam humor aquoso ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm
# O Eixo Intestino-Olho e a Saúde Ocular O conceito emergente de um **eixo intestino-olho** reconhece que os micróbios intestinais e seus produtos podem afetar o olho. As bactérias intestinais fermentam fibras para produzir **ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs)** (como acetato, propionato, butirato) e modificam ácidos biliares (ABs). Esses metabólitos entram na circulação e podem atingir o olho, influenciando seu ambiente imunológico e função ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10488056/#:~:text=derived%20metabolites%20involved%20in%20counteracting,the%20bile%20acid)). Por exemplo, a disbiose microbiana – um desequilíbrio na flora intestinal – tem sido ligada a doenças oculares, desde degeneração macular relacionada à idade e uveíte até olho seco e glaucoma ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10488056/#:~:text=Moreover%2C%20recent%20studies%20underline%20a,better%20management%20of%20these%20diseases)). De fato, uma pesquisa recente descobriu que o desequilíbrio intestinal está associado a múltiplas condições oculares, e apenas um punhado de ensaios iniciais (quatro de 25 estudos) testou intervenções como probióticos ou transplantes fecais em doenças oculares ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10516887/#:~:text=ocular%20pathology,clinical%20trials%20may%20be%20warranted)). Este eixo intestino-olho sugere que AGCCs, ABs e até mesmo componentes inflamatórios (como LPS) derivados do intestino podem modular a **tonalidade imune** ocular (o estado imunológico basal) e afetar tecidos como a malha trabecular (o filtro de drenagem de fluidos) e a pressão intraocular (PIO). ## Metabólitos Microbianos e Imunidade Ocular ### Ácidos Graxos de Cadeia Curta (AGCCs) **AGCCs** são ácidos graxos com menos de seis átomos de carbono, principalmente acetato, propionato e butirato, produzidos por bactérias intestinais que digerem fibras. Eles **regulam as respostas imunes** sistemicamente ([www.frontiersin.org](https://www.frontiersin.org/journals/medicine/articles/10.3389/fmed.2024.1377186/full#:~:text=SCFAs%20can%20ameliorate%20immune,often%2C%20metabolites%20and%20inflammation%20go)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10488056/#:~:text=derived%20metabolites%20involved%20in%20counteracting,the%20bile%20acid)). No olho, os AGCCs exercem efeitos anti-inflamatórios. Em modelos de camundongos, AGCCs injetados foram detectados em tecidos oculares e *reduziram* a inflamação da exposição a endotoxinas (LPS) ([pubmed.ncbi.nlm.nih.gov](https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33617852/#:~:text=responses%20of%20the%20eye%20and,functions%20in%20the%20intraocular%20milieu)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10488056/#:~:text=derived%20metabolites%20involved%20in%20counteracting,the%20bile%20acid)). Isso mostra que os AGCCs podem atravessar a barreira hemato-ocular via sangue e acalmar a inflamação intraocular. Por exemplo, o butirato
# Magnésio e Desregulação Vascular no Glaucoma O glaucoma é uma doença progressiva do nervo óptico que leva à perda de visão. Embora a pressão intraocular (PIO) elevada seja o fator de risco mais conhecido, muitos pacientes – especialmente aqueles com **glaucoma de pressão normal (GPN)** – desenvolvem glaucoma apesar da PIO normal ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4897098/#:~:text=Glaucoma%20is%20characterized%20by%20chronic,3)). No GPN, acredita-se que problemas vasculares sistêmicos contribuam: fluxo sanguíneo instável, **vasoespasmo** (constrição súbita dos vasos) e quedas excessivas da pressão arterial noturna podem reduzir o suprimento sanguíneo para o nervo óptico ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4897098/#:~:text=Disturbed%20ocular%20blood%20flow%20and,the%20reduction%20of%20oxidative%20stress)) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4386594/#:~:text=Eighty,0.02)). Tratamentos que estabilizam o fluxo sanguíneo são, portanto, de interesse no GPN. O **magnésio**, um mineral essencial e bloqueador natural dos canais de cálcio, surgiu como um candidato porque promove a vasodilatação e a proteção nervosa ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4897098/#:~:text=that%20improve%20ocular%20blood%20flow,magnesium%20a%20good%20candidate%20for)). ## Ações Vasculares do Magnésio O magnésio influencia os vasos sanguíneos e a função endotelial de várias maneiras: - **Antagonismo do cálcio**. O magnésio atua como um *bloqueador fisiológico dos canais de cálcio*. Ele compete com o cálcio nos músculos e vasos sanguíneos, causando relaxamento do músculo liso e vasodilatação. ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4897098/#:~:text=glaucoma%20,antagonist%2C%20Mg%20also%20has%20a)) Em estudos de laboratório, o aumento dos níveis de **Mg²⁺** inibe a constrição vascular induzida pela endotelina-1 (por exemplo, em artérias ciliares de porco) ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4897098/#:~:text=glaucoma%20,antagonist%2C%20Mg%20also%20has%20a)). Como a endotelina-1 é um potente vasoconstritor implicado no glaucoma, o bloqueio dessa via pelo magnésio pode melhorar a perfusão. ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4897098/#:~:text=glaucoma%20,antagonist%2C%20Mg%20also%20has%20a)) - **Função endotelial**. Vasos sanguíneos saudáveis produzem fatores de relaxamento como o óxido nítrico (NO). O magnésio melhora a saúde das células endoteliais e a disponibilidade de NO, levando a um melhor fluxo sanguíneo. ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4897098/#:~:text=contraction,76)) Estudos em doenças da artéria coronária mostram que o magnésio oral melhora a *vasodilatação dependente do endotélio* ([pmc.ncbi.nlm.nih.gov](https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4897098/#:~:text=contraction,76)). Ao melhorar o equilíbrio entre **endotelina-1 e óxido nítrico